Amado Batista é o queridinho das domésticas e donas de casa da minha época, praticamente todas conhecem as músicas e colaboraram com o sucesso delas.
JORNAL TRIBUNA: Das revelações que foram publicadas em seu livro, qual te toca mais?
AMADO BATISTA: É quando eu falo da minha infância, da dificuldade do meu pai para criar a gente. Eu me lembro dele chorando atrás da casa porque não tinha o que dar de comer para a gente.
>A pobreza era tanta assim?
Bastante. Meus pais eram lavradores, mas nos criaram bem.
> O miserê te acompanhou também quando já era adulto?
Acompanhou, sim. Eu já era sucesso quando fui à falência. Além de cantar, eu tinha quatro lojas de discos.
Como eu viajava muito para shows, na época em que a música “D e s i st o ” estava no topo, deixei os negócios nas mãos dos funcionários. O problema é que eles não conseguiram administrar. Quando percebi, já era. Tive que vender todas as lojas, para quitar dívidas, e fiquei na miséria mesmo.
Como eu viajava muito para shows, na época em que a música “D e s i st o ” estava no topo, deixei os negócios nas mãos dos funcionários. O problema é que eles não conseguiram administrar. Quando percebi, já era. Tive que vender todas as lojas, para quitar dívidas, e fiquei na miséria mesmo.
>A situação era calamitosa ?
Era. Para você ter ideia, eu não tinha casa, morava de aluguel.
>Passou fome ?
Quase. Eu precisava ir de loja em loja vendendo meus discos para poder comprar comida. Ainda bem que meus discos vendiam (risos). Consegui sobreviver assim.
>E os shows?
Eu fazia shows nos cirquinhos aos pedaços que existiam no interior. Muitas vezes, eu sequer conseguia me apresentar porque o circo tinha ido para o chão por causa de algum vendaval.
> Com tantos percalços, pensou em desistir da música?
Pensei, muito. Como eu não estava conseguindo viver da música, cogitei abandonar a carreira, sim.
Aí apareceu uma oportunidade numa gravadora e fui atrás. “Hos pital” foi meu primeiro grande sucesso nacional. Apartir daí, comprei casa, carro…
>Em qual momento da sua vida passaria uma borracha?
Em tudo aquilo que eu fiz de errado. Mas os erros foram feitos para que você evolua.
>Já causou desilusão em muitas mulheres?
Sim, e elas também em mim. Já sofri muto de amor. Todo mundo que ama passa por isso, vive a felicidade e experimenta a tristeza.
> Alguém já tentou te dar um golpe do baú?
Ah, já, com certeza. E você percebe isso quando a pessoa só pensa no lado financeiro. Muitas vezes, ela faz algo de bom para você pensando no que pode receber em troca. É uma decepção muito grande, mas você fica mais esperto.
